sábado, 30 de abril de 2011

DEIXA QUE A CHUVA LAVE O MEU ROSTO



NO CADERNO LITERÁRIO I DO RECANTO DAS LETRAS DE CRIAÇÃO DA POETISA TANIA ORSI VARGAS




(Líricas de um Evangelho Insano)

Lilian Reinhardt


Eu preciso de ti
eu preciso me banhar
naquela poça d'água pura
que espelha o céu da minha argila
e o pássaro de minha alma nela se banha

Deixa que a chuva transborde
das conchas do entardecer
que preencha todos os beirais
que anseiam pela cálida luz da manhã
quando as rendas da aurora se abrem
e o cheiro de café envolve em volúpia
o sabor da mesa de alva toalha e os
verbos recém-colhidos
permita ainda
que a chuva te conte histórias
dos lugares por onde passou
dos pés de quem lavou
dos rastros que escondeu
dos pecados que perdoou...




recantodasletras.com.br/poesias/2903161
www.recantodasletras.com.br/mensagens/29052
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/2907117

sábado, 23 de abril de 2011

BARBANTE AZUL






Youssef Rzouga

tradução do árabe para o espanhol por Rosa-Isabel Martinez Lillo

do espanhol para o português por Lilian Reinhardt




O posterior brinca com o anterior
e o anterior com o mais anterior
e o mais anterior com os ancestrais

É como se a morte, esta morte...
não fosse aquela morte, a morte.
a morte de ser terno e da vitalidade que o circunda!


Ou como se o momento, este momento...
não fosse aquele momento, o momento...
o momento do perfeito alhandal e de todo seu apetite sexual!


Ou como se a voz, esta voz...
não fosse aquela voz, a voz...
a voz do vil tirano e todos seus erros circundantes!
Ou como se a cor, aquela cor...
não fosse esta cor, a cor....
a cor do riso amarelo debaixo da máscara!


O poeta brinca com o leitor
e o leitor com o texto que tem diante dos olhos
brinca conosco este barbante azul
o mar do instante impetuoso
o mar das palavras

quinta-feira, 14 de abril de 2011

CHUVA DE OUTONO



NO CADERNO LITERÁRIO I DE CRIAÇÃO DA POETISA TANIA ORSI VARGAS NO RECANTO DAS LETRAS


IRATIENSE JOEL GOMES TEIXEIRA


Havia queixumes de outono
no abraço cinzento de céu.
Um pranto quieto de chuva benzia telhados,
encharcando gerânios em flor.
Nos pés as velhas galochas,
coração varado de amor.
Ela então ,qual gerânio de abril,
entregou-se à tarde lavada.
Um à um, na argila do tempo,
um feixe de sonhos moldou.
Tinha pressa...
E aí numa prece implorou para o sol demorar.
Não queria o encanto quebrado,
de arabescos no chão desenhados.
Dos pés deslizando na massa ,
buscando arco Iris em cores,
portais de novos amores.
Que sabia um dia viriam , serenos,qual sono de uma criança.
Ou brutos feito carroções,
sulcando a lama da estrada,
patinando em chão de cascalhos.
Teriam ruído estridente,
de metais tilintando em arreios.
Um carroceiro de olhar arrogante
estalando chicote no ar.
Assim ,presa na fantasia,
nem percebe a carroça passar.
E a môça dos sonhos de barro
embassa na chuva a esperança
até o comboio voltar...
um fio d´agua limpinha,
brotando à beira da estrada
Segue dolente e sozinho
um caminho que leva pro nada.




http://recantodasletras.com.br/poesias/2903161