quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

FELIZ NATAL! RADIOSO 2009!

Lilian Reinhardt
Saúdo-te pura essência!
Tu és morada única
em todos os reinos
na acústica dos meus sentidos
Belíssimo és Tu
na manjedoura do horizonte!

domingo, 19 de outubro de 2008

SERENO PENSAR

desenho/Chico Steffanelo

                      poema por CHICO STEFFANELO


Ah, minha irmã,
A tua voz é um puxão no cordão da minha alma;
Volto porque me apraz voltar,
Se não voaria por aí
A ver todas as dimensões
às quais pudessem as minhas asas voar.

Vim só
E só
Voltarei

Por que ocupar-me do que pensam tantos outros
E o tanto enfadonho de tanto que pensam
O que não me apraz pensar?

Tampouco o teu pensar me faria voltar,
Mas tu, oh alma errática, saberias que o pensar é jugo,
Catenas que nos algema a chamados sem fim?

Já pensaste que a ninguém devo reparar os meus pensamentos
Contra a minha vontade sem fim de voar?

Vim só e só voltarei,
Estarei, por tanto, só
No meu derradeiro instante,
Eu juiz de mim;
Por que ocupar-me do vórtice dos pensamentos pequenos?

Ah, não fosse o Amor e eu não ouviria os gritos de ais,
Tampouco os choros daqueles que tocaram nas cordas do meu pensamento
Canções que me apraz ouvir...

Agora sabes
Que eu sei que não é bem assim;

Quebramos as cadeias da escuridão
E do jugo pesado da escravidão
Do engano na longa noite humana,
Trabalhando só;
Chegando e partindo sempre só.

Mas,
Dos grilhões que se partem,
As centelhas iluminam para sempre
A liberdade das asas, mostrando a sua beleza,
E vejo mão estendidas ao longo de caminhos tão distantes...

Sabes agora porque eu volto,
Ainda que não tenha fim
O que se descortina
Adiante de mim
Para eu poder voar.

Volto porque os laços de Luz não são cadeias
São candeias e nos alcançam
Como alcança as nossas preces
Àqueles que vão bem adiante de mim

Se me demoro é porque sou poeta
E me distraio pela eternidade
A testar o meu par de asas
Que se levanta nesta
Um pouco melhor
Das que eu tinha
No outro caminho...


segunda-feira, 22 de setembro de 2008

UM OLHAR AO HORIZONTE


Lúcia Constantino
Uma porta para o mundo.
Talvez o sol?
Que mundo é esse
que esconde os bons
em degredo,
por-de-sol cavernoso,
aos sentimentos arenosos
dos olhos que têm medo?
Já não há a pétala branca
nas perspectivas
noturnas da alma,
já não há mais a lenda,
a fábula,
tudo é água...água...
Nada digas se as folhas
forma destroçadas
pelos ventos.
A música vem
tão somente
da árvore em seu
silêncio
e o exterior é passo
movediço. Existo.
Grão em angústia de raio
na seara imensa da alma.
O sol por testemunha
passeando os olhos
até onde Deus também
se põe
em seu ocaso - íris
dos sonhos daqueles
a quem ama.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

MÚSICA AMBIENTAL/YOUSSEF RZOUGA


Youssef Rzouga


Nunca é tarde

para fazer algo

atirar-se ao mar por exemplo

e por em forma, em fila, os peixes coloridos

para manifestarem-se contra o tubarão

Nunca é tarde

para vencer este complexo

de inferioridade por exemplo

subir ao trono das coisas

e fazer calar-se o cão que ladra

enquanto florescem os roseirais

Nunca é tarde

para denunciar o culpado de ontem

de hoje

feito o inocente às vezes

tocar o tambor

dançar de vez em quando

e triunfar sobre uma vida

de grande vazio

OS ESTATUTOS DO HOMEM

foto: Sítio arqueológico de Guaraqueçaba/Pr/Brasil

Thiago de Melo

ARTIGO I

Fica decretado que agora vale a verdade

agora vale a vida,

e de mãos dadas

marcharemos todos pela vida verdadeira.

ARTIGO II

Fica decretado que todos os dias da semana

inclusive as terças-feiras mais cinzentas,

tem direito a converter-se em manhãs de domingo.

ARTIGO III

Fica decretado que, a partir deste instante

haverá girassóis em todas as janelas,

que os girassóis terão direito

a abrir-se dentro da sombra,

e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,

abertas para o verde onde cresce a esperança.

ARTIGO IV

Fica decretado que o homem

não precisará nunca mais

duvidar do homem.

Que o homem confiará no homem

como a palmeira confia no vento,

como o vento confia no ar,

como ar confia no campo azul do céu.

PARÁGRAFO ÚNICO:

O homem, confiará no homem

como um menino confia em outro menino.

ARTIGO V

Fica decretado que os homens

estão livres o jugo da mentira.

Nunca mais será preciso usar

a couraça do silêncio

nem a armadura de palavras.

O homem se sentará à mesa

com seu olhar limpo

porque a verdade passará à ser servida

antes da sobremesa.

ARTIGO VI

Fica estabelecida durante dez séculos,

a prática sonhada pelo profeta Isaías,

e o lobo e o cordeiro pastarão juntos

e a comida e ambos terá o mesmo gosto de aurora.

ARTIGO VII

Fica decretao que a maior dor

sempre foi e será sempre

não poder dar-se amor a quem se ama

e saber que é a água

que dá à planta o milagre da flor.

ARTIGO IX

Fica permitido que o pão e cada dia

tenha no homem o sinal e seu suor.

Mas que sobretuo tenha

sempre o quente sabor da ternura.

ARTIGO X

Fica permitido a qualquer pessoa,

qualquer hora da vida,

uso do traje branco.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

LANTERNA DE VAGALUMES


lilian reinhardt
Talvez não ilumine o mundo...
mas, ilumina o coração,
não tem a energia dos faróis,
nem dos gases em combustão,
mas guarda o relicário da verdade,
gotas de luz,
alma em botão.
Lanterna de Vagalumes,
sempre acesa,
na escuridão!